Classes de palavras
Pré requisitos:
Frase, oração, senteça e enunciado;
Radical;
Desinências verbais.
A gramática normativa estabelece dez classes gramaticais diferentes, nas quais são agrupadas as palavras da língua portuguesa. Essas classes de palavras são definidas de acordo com a natureza e funções das palavras, o que significa que palavras homônimas possam ocupar lugares diferentes na língua. Por exemplo, o termo isolado "caminho" pode ser considerado tanto um substantivo quanto um verbo. Sua classificação final irá depender de seu contexto. Por exemplo:
Eu caminho uma hora por dia. (Aqui, a palavra é uma flexão de tempo e modo do verbo caminhar.)
Prefiro ir pelo caminho mais plano. (Nesse caso, a palavra está desempenhando a função de substantivo).
1. Palavras variáveis
Palavras variáveis são aquelas que, dependendo de seu contexto de uso, sofrem variação para concordarem com os demais termos na oração. Por exemplo: substantivos e adjetivos podem ser flexionados de acordo com gênero (feminino e masculino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo), já verbos variam em modo, tempo e pessoa.
Substantivos
Por exemplo:
Casa: substantivo comum, concreto, primitivo e simples;
Girassol: substantivo comum, concreto, composto e simples.
Coletivos
Substantivos que, quando usados, apresentam a ideia de um conjunto de seres ou coisas. Ex: alcateia, dá a ideia de vários lobos.
Colmeia - grupo de abelhas;
Multidão - pessoas.
Numerais
1. Cardinais
Numerais que indicam a quantidade de seres, coisas.
Um, dois, três, quatro, cinco, etc.
2. Ordinais
Numerais usado na ordenação de seres, coisas.
Primeiro, segundo, terceiro, milésimo, etc.
Atenção: palavras que indicam ordem como último, penúltimo, antepenúltimo são consideradas adjetivos.
3. Multiplicativos
Numerais que indicam aumento proporcional, multiplicação de seres, objetos.
dobro, triplo, tríplice, quintuplos, centênio, etc.
4. Fracionários
Numerais que indicam dimunuição proporcional, divisão de seres, objetos.
metade, um terço, um quarto, etc.
5. Coletivos
Numerais carregados com a ideia de conjunto, coletividade.
Quarteto, dúzia, centena, etc.
Artigos
Diferenças no uso de determinados e indeterminados
Entramos aqui no campo das pressuposições, ou seja, daquilo que é compreensível mesmo que não tenha sido expressado e, então, é implícito através da mensagem passada. Analise os dois enunciados abaixo:
O cachorro da vizinha fugiu.
Um cachorro da vizinha fugiu,
Repare que, apesar de 4 das 5 palavras da sentença sejam exatamente as mesmas, o sentido geral dos enunciados é levemente diferente. O fato comentado por eles é basicamente o mesmo, porém, no primeiro a informação é a respeito de um ser determinado discursivamente, o que quer dizer que, a nível semântico, a vizinha do exemplo possui apenas um cachorro e esse mesmo cão fugiu. No segundo enunciado, o uso do artigo indefinido faz com qque
Pronomes
São uma ferramenta essencial de coesão em enunciados, pois são utilizados para substituirem substantivos, estabelecendo relações entre as parte do texto e promovendo variedade lexical.
Pronomes pessoais e possessivos
O pronome "VOCÊ"
Embora exista discordância entre os gramáticos a respeito da classificação do pronome "você", é importante observar que, embora ele se refira a segunda pessoa do discurso (ou seja, com quem se fala), a conjugação dpo verbo que o acompanhará será de 3ª pessoa do singular. Efeito semelhante ocorre com o termo "a gente", que refere-se à 1ª pessoa do plural, mas recebe tratamento estrutural de 3ª pessoa do singular.
Tradicionalmente, o pronome "você" é considerado um pronome de tratamento.
Pronomes de tratamento
De acordo com Evanildo Bechara (2009):
Existem ainda formas substantivas de tratamento indireto de 2.ª pessoa que levam o verbo para a 3.ª pessoa. São as chamadas formas substantivas de tratamento ou formas pronominais de tratamento:
você, vocês (no tratamento familiar)
o Senhor, a Senhora (no tratamento cerimonioso)
A estes pronomes de tratamento pertencem as formas de reverência que consistem em nos dirigirmos às pessoas pelos seus atributos ou qualidades que ocupam:
Vossa Alteza (V. A., para príncipes, duques)
Vossa Eminência (V. Em.ª, para cardeais)
Vossa Excelência (V. Ex.ª, para altas patentes militares, ministros, Presidente da República, pessoas de alta categoria, bispos e arcebispos)
Vossa Magnificência (para reitores de universidade)
Vossa Majestade (V. M., para reis, imperadores)
[...]
Vossa Onipotência (para Deus – não se usa abreviadamente)
Vossa Reverendíssima (V. Rev.ma, para os sacerdotes)
Vossa Senhoria (V. S.ª, para oficiais até coronel, funcionários graduados, pessoas de cerimônia)"
Pronomes demonstrativos
Ainda há uma série de termos que podem ser empregados como pronomes demonstartivos de acordo com seu contexto de uso.
Por exemplo:
mesmo(s), mesma(s)
Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se no andar,
o(s), a(s) + que (com valor de aquilo, aquele)
Você lembra o que eu te mostrei ontem?
próprio(s), própria(s)
A própria prestadora de serviço resolveu o problema da nota fiscal.
Pronomes indefinidos
Conforme Bechara (2009):
"São os que se aplicam à 3.ª pessoa quando têm sentido vago ou exprimem quantidade indeterminada. Funcionam como pronomes indefinidos substantivos, todos invariáveis: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, outrem. [...]
São pronomes indefinidos adjetivos, todos variáveis com exceção de cada: nenhum, outro (também isolado), um (também isolado), certo, qualquer (só variável em número: quaisquer), algum, cada."
Pronomes interrogativos
Ainda de acordo com Bechara (2009):
"São os pronomes indefinidos quem, que, qual e quanto que se empregam nas perguntas, diretas ou indiretas:
Quem veio aqui?
Que cabeça, senhora?
Que compraste?
Qual autor desconhece?
Qual consideras melhor?
Quantos vieram?
Quantos anos tens?"
Pronomes relativos
Os pronomes relativos relacionam-se com um termo antecedente, substituindo-o em uma nova oração (oração subordinada adjetiva)
Chegou a encomenda que eu esperava. (A encomenta chegou + eu esperava a encomenda)
• Esses pronomes podem ser antecedidos por uma preposição se a regência verbal pedir
Este é o autor a cuja obra me refiro. (Referir-se A algo)
Este é o autor de cuja obra eu gosto. (Gostar DE algo)
QUEM = pronome utilizado para se referir a pessoas (com antecedente tem preposição):
Não conheço a menina de quem você falou.
Usado sem antecedente claro, o termo quem é considerado um pronome relativo indefinido
QUE = pode ser usado tanto para pessoas quanto para coisas:
Não conheço o rapaz que falou comigo.
Esta é a casa que comprei.
O QUE é usado quando o pronome relativo é precedido de preposição monossilábica. Quando a preoposição for mais extensa que isso, deve-se usar o pronome QUAL
Esta é a pessoa de que lhe falei.
Esta é a pessoa sobre a qual lhe falei.
Precedido pelas preoposições SEM e SOB o pronome O QUAL também dese ser usado:
Este é o livro sem o qual não vivo.
Esta é a árvore sob a qual o tesouro está enterrado.
O pronome CUJO é considerado relativo possessivo, ou seja, ele deve ser utilizado quando o sentido for de posse e equivale a usar "do qual"
Esta é a pessoa em cuja casa me hospedei. (Na casa da qual)
Feliz é o pai cujos filhos são ajuizados. (filhos do pai)
O pronome QUANTO pode ser usado sem antecedente
Saibam quantos leram este edital...
O uso do pronome ONDE é exclusivo para contextos de lugar. Embora costume-se a usá-lo en relações temporais, seu uso só é cnsiderado correto de acordo com a norma padrão, para referir-se a um lugar (real ou imaginário). Ele equivale a "em que", "no qual".
Não sei onde coloquei meus óculos.
ONDE + verbos com ideia estacionária
Não sei onde coloquei meus óculos.
AONDE (= para onde) + verbos com ideia de movimento
Aonde eu for, irás comigo.
ONDE pode ser usado sem antecedente
Fique onde está!
Verbos
Verbos de ação
Os verbos usados para expressar ações possuem valor semântico próprio, sendo considerados o núcleo da oração (oração verbal).
Exemplos: andar, dormir, chorar, amar, corrigir, saber, etc.
Verbos de estado
São considerados de estado (ou de ligação) os verbos que não possuem autonomia semântica, mas que conectam sujeito a suas característica.
Exemplos: ser, estar, permanecer, ficar, andar (andar distraído), ficar (ficar triste), tornar-se, etc
Verbos de fenômenos naturais
Verbos que indicam fenômenos da natureza e que, por isso, não possuem sujeito.
Exempos: chover, nevar, ventar, garoar etc.
Verbos regulares
São considerados regulares, os verbos que mantêm seu radical estável durante a conjugação. Ou seja, não importa a pessoa, tempo ou modo em que esses verbos forem conjugados, não ocorre mudança além das desinências verbais esperadas. A conjugação desses verbos seguirá um padrão constante: todos os verbos de 1ª conjugação, ou seja, terminados em -AR terão suas desinências modo-temporal e número-pessoal padronizadas, ou seja, admirar e odiar, por mais diferentes que sejam em sentido, são conjugadas exatamente da mesma forma.
Verbos irregulares
Os verbos irregulares não possuem radical estável em todas as pessoas, tempos e modos de suas conjugações. Esses verbos são mais desafiadores, pois não possuem um padrão fixo ou lógico para sua conjugação.
Além destes, ainda existem os verbos irregulares anômalos e os defectivos ou abundantes. Na definição de Bechara, (2009):
"Anômalo é o verbo irregular que apresenta, na sua conjugação, radicais primários diferentes: ser (reúne o concurso de dois radicais, os verbos latinos sedēre e ĕsse) e ir (reúne o concurso de três radicais, os verbos latinos ire, vadēre e ĕsse). Outros autores consideram anômalo o verbo cujo radical sofre alterações que o não podem enquadrar em classificação alguma: dar, estar, ter, haver, ser, poder, ir, vir, ver, caber, dizer, saber, pôr, etc. "
Já os defectivos são aqueles que não possuem todas as formas verbais em sua conjugação. Por exemplo, o verbo reaver, que não possui a primeira pessoa do presente do indicativo. Não existe, na norma culta "eu reavejo".
Verbos pronominais
São considerados pronominais todos os verbos que necessitam da presença de um pronome oblíquo para terem alcançarem seu sentido completo em um enunciado. Quando utilizados, o pronome oblíquo deve, necessariamente, referir-se à mesma pessoa do discurso que o sujeito do verbo utilizado. Por exemplo: eu me machuquei lavando a louça.
Por exemplo: queixar-se, pentear-se, espantar-se, assustar-se, abster-se, arrepender-se, etc.
Adjetivos
Adjetivos são termos utilizados para caracterizar os substantivos a eles associados. Ou seja, essa classe gramatical orbita em torno dos substantivos (e suas regras de concordância serão condicionadas por eles), e são usados para atribuir caracteristicas (qualidades, defeitos, especificidades, etc. Por exemplo, A grande diferença semântica entre "Mar limpo" e "mar poluído" é determinada apenas pelo uso de adjetivos.
•A anteposição ou posposição de um adjetivo pode afetar seu significado em um enunciado:
"Alto funcionário" (funcionário hierarquicamente superior) ≠ "funcionário alto" (funcionário de grande estatura)
"Comum acordo" (acordo firmado unanimemente) ≠ "acordo comum" (acordo usual)
"Velho amigo" (amigo de longa data) ≠ "amigo velho" (amigo idoso)
• O posicionamento do termo também pode representar classes gramaticais diferentes. Os termos abaixo constam como pronomes adjetivos quando antepostos ao substantivo, e como adjetivos puros quando pospostos:
Certo homem ≠ homem certo
Diversos modelos ≠ modelos diversos
• Outro fenômeno de permeavilidade entre classes gramaticais é a substantivação de adjetivos. Nesse caso, o termo que normalmente é classificado e utilizado como adjetivo pode ser utilizado na posição e com valor de substantivo. Nesse caso, ele será classificado de acordo com seu uso no contexto do enunciado, ou seja, constará como substantivo:
"O esperto saiu sem pagar a conta."
2. Palavras invariáveis
Advérbios
Advérbios são palavras ou expressões que conectam-se a verbos, adjetivos ou mesmo a outros advérbios, modificando-os. Por mais vaga que a palavra "modificar" possa parecer, o impacto do uso do advérbio dependerá exclusivamente da circunstância que exprimem. Isso porque, tanto "sempre" quanto "nunca" encaixam-se nessa categoria gramatical. Vale lembrar que quando lidamos com palvras homônimas, só conseguimos classificá-las adequadamente quando as percebemos dentro de seu contexto, pontanto, muitos dos advérbios listados nessa seção são homônimos de termos que encontram-se em outras.
Advérbios de modo
Expandem o sentido do termo ao qual se conectam, ao exprimir circunstância de modo ou da maneira com que o termo ao qual se refere foi executado.
Bem, mal, melhor, pior, depressa, devagar, etc.
Além disso, palavras terminadas pelo sufixo "-mente" têm grande chance de pertencer a essa subdivisão: lentamente, calmamente, esperançosamente, espertamente, etc.
Advérbios de intensidade
Intesificam (para mais ou para menos) o termo ao qual se referem.
muito, pouco, demais, bastante, quase, tanto, nada, etc.
Advérbios de lugar
Inserem circunstância de lugar, oferecendo espacialidade para o termo referente.
atrás, aqui, além, antes, longe, perto, etc.
Advérbios de tempo
Especificam o termo referente dentro de uma temporalidade
Hoje, amanhã, antes, depois, sempre, nunca, jamais, etc.
Advérbios de negação
Não, nunca, jamais, nem, tampouco.
Advérbios de afirmação
Sim, certamente, decididamente, realmente, efetivamente, etc.
Advérbios de dúvida
Possivelmente, provavelmente, acaso, talvez, quiçá, etc.
Preposições
Preposições são utilizadas para conectar termos dentro de uma oração. Esses termos, quanndo conectados, passam a ter um único valor semântico, não podendo ser dissociados do ponto de vista do sentido.
A, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, sob, sobre, trás.
Preposição + artigo:
Preposições são invariáveis, ou seja, não modificam-se para estabelecer relação de concordância com os outros elementos da oração. Todavia, quando conectadas a artigos ou pronomes, estes continuarão operdando de acordo com suas regras de concordância. Algumas preposições permanecem com o mesmo formato gráfico (combinação), outras, no entanto, sofrerão mudança para acomodarem o artigo (contração).
Combinação:
A + ONDE (pronome) = aonde
Contração
DE + A = DA (o mesmo vale para "das", "do", "dos")
EM + A = NA (o mesmo vale para "nas", "no", "nos")
POR + A = PELA (o mesmo vale para "pelas", "pelo", "pelos")
PARA + A (apenas na linguagem informal: "pra")
Preposições e o valor semântico
Embora as preposições não possuam valor semântico quando isoladas, elas podem influenciar muito o sentido de um enunciado.
Conjunções
Palavras e expressões cuja função é conectar orações, atribuindo relações de sentido entre elas. São ferramentas básicas na construção de um texto com ótima coesão e marcas de autoria. Como podem ser compostas por várias palavras e possuirem apenas uma classe gramatical, deve-se prestar atenção para não classificar seus termos integrantes de forma isolada. Esse conteúdo será aprofundado nos tópicos de orações coordenadas e subordinadas e no de conectivos lógicos textuais.
Coordenativas (unem duas orações autônomas)
Aditiva: e, nem, mas também, além disso;
Alternativas: ou, ou(…,) ou(…); ora(…), ora (…); quer(…), quer(…);
Explicativas: pois, porque, visto que, já que, uma vez que;
Conclusivas: por isso, assim, logo, desta forma, portanto, então;
Adversativas: mas, porém, todavia, entretanto, contudo.
Subordinativas (unem, a uma oração principal, orações dependentes desta)
que, se
causais: porque, visto que, uma vez que, etc;
comparativas: igual a, mais que, menos que, etc;
conformativas: conforme, segundo, consoante, etc;
condicionais: caso, se contanto que, a não ser que, desde que, etc;
consecutivas: de modo que, de forma que , etc;
concessivas: embora, apesar de que, mesmo que, etc;
proporcionais: à medida que, quanto mais (...) mais, etc;
finais: a fim de, para que, etc;
temporais: quando, enquanto, antes que, depois que, sempre que, etc;
Interjeições
As interjeições possuem uma função muito mais discursiva e, portanto, pragmática, do que semântica. Elas funcionam, dentro de seu contexto de uso, como forma de expressar sentimentos e emoções de uma forma imediata, enfática e exclamativa. Palavras como "ai", "ui", "eca" são utilizadas dentro de um contexto para exprimir dor, nojo, etc. Algumas outras palavras que, em seu estado de dicionário, são consideradas de outra classe gramátical, como o pronome "nossa", podem funcionar como interjeição quando consideradas em um contexto de fala específico. Nesse caso, um "nossa!" pode exprimir choque, adimiração, etc.